Banco Central (BC), a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) assinaram hoje (6) acordo de cooperação técnica para estimular ações coordenadas na área de cidadania financeira, de inclusão e de proteção aos usuários de produtos e serviços financeiros. Os consumidores terão acesso a palestras e a cursos de educação financeira para aprenderem a gerir melhor o próprio dinheiro.
Pelo acordo, que tem duração de dois anos, o BC divulgará conteúdos de educação financeira na plataforma digital Cidadania Financeira. O órgão também promoverá ações de capacitação e treinamento. O SPC Brasil compartilhará o conteúdo produzido pelo BC em seus canais, como o site Meu Bolso Feliz e o aplicativo SPC Consumidor. A entidade repassará pesquisas à autoridade monetária.
Segundo o diretor de Relações Institucionais e Cidadania do BC, Isaac Sidney Ferreira, a bancarização (acesso a serviços bancários) cresceu 3,3% nos últimos dez anos. Ele, no entanto, disse que grande parte da população usa mal o crédito e se endivida além do necessário. De acordo com o diretor, a melhoria da gestão poderá refletir-se na redução do spread bancário – diferença entre os juros que os bancos captam recursos e as taxas que eles oferecem aos tomadores finais.
“Todos nós temos de promover a cidadania financeira, daí a importância de o Banco Central firmar parcerias. Vamos conjugar esforços, fazer o intercâmbio de dados agregados, casando demandas e acessos a serviços financeiros. Esse diagnóstico comportamental daquele que usa o varejo e o crédito pode nos ajudar a avaliar o impacto de políticas públicas importantes”, declarou o diretor após assinar o acordo.
Melhorias
De acordo com a CNDL e o SPC Brasil, em janeiro, 22% dos brasileiros tiveram crédito negado ao tentar parcelar uma compra em estabelecimentos comerciais ou contratar serviços a prazo. Para 36% deles, faltaram comprovação ou suficiência de renda. Um em cada três teve restrições ao CPF devido à inadimplência.
Para o presidente da CNDL, José César Costa, o acordo poderá resultar em melhoria da vida dos consumidores e aumentar a capacidade de consumo da população. O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, disse que a organização financeira é tão importante para o consumidor como para as empresas.
“O desenvolvimento do Brasil só vai ocorrer quando todo cidadão tiver seu orçamento organizado. Isso inclui as pequenas empresas, que muitas vezes não sobrevivem porque os empresários não têm noção do uso adequado de recursos. Esse acordo tem muito a contribuir para a cidadania financeira, fundamental para o desenvolvimento sustentável de longo prazo da nossa moeda”, afirmou Pellizzaro. Ele pediu a aprovação do projeto de lei que amplia o cadastro positivo (relação de bons pagadores), para melhorar o acesso ao crédito no país e reduzir os juros médios aos tomadores finais.