A Cultura de Inovação do Vale do Silício

O Vale do Silício é mundialmente conhecido por ser sede das principais empresas de tecnologia do mundo, como Google, Apple, Intel, Facebook e Netflix. Além disso, a região é o maior centro de inovação e empreendedorismo no mundo, sendo a origem de grande parte das novas empresas de tecnologia, as chamadas startups.

Existem diversos outros polos de inovação tecnológica pelo mundo, porém nenhum consegue atingir o mesmo sucesso que o Vale do Silício. A seguir iremos dissertar sobre as principais características do Vale, quais são seus diferenciais e o que constrói a cultura de inovação presente na região.

“Coopetição”         

Uma das principais características que definem o Vale do Silício é a “coopetição”, ou seja, cooperação entre competidores. Além de não apresentar a cultura de competição interna presente na maioria das empresas no Brasil – quando os próprios funcionários competem para estarem mais “visíveis” – o próprio conceito de competição entre empresas é diferente. Empresas colaboram umas com as outras – mesmo que compitam dentro do mesmo segmento – para romper a barreira da inovação e transformar as ideias em ações cada vez melhores.

Diversidade

De acordo com dados do Silicon Valley Indicators, em 2017, 38,2% das pessoas que vivem no Vale do Silício eram nascidos fora dos Estados Unidos, sendo que se considerado apenas os empregados, o número sobe para 47,1%. Esta grande variedade de etnias, origens, culturas e até mesmo orientação sexual resulta em uma constante troca de aprendizados vinda de pessoas distintas com percepções e pensamentos distintos. Com o mundo inteiro presente na região e a cultura de integração constante, ideias aparecem, são aprimoradas e se tornam mais criativas e inovadoras.

O erro faz parte

Ao invés da ideia de perfeição que é cultivada no Brasil, errar não só é aceitável como muitas vezes necessário para a inovação tecnológica. Os empreendedores da região não trabalham durante meses até possuírem um plano de negócios perfeito, para então apresentar a investidores e iniciar um protótipo do produto. O objetivo é a construção de um produto mínimo viável, um protótipo que funcione, mesmo que com falhas, para então passar a aperfeiçoá-lo junto com o feedback dos clientes ou grupo de teste. Em resumo, a região funciona na tentativa e erro, e isso é desejável.

Investimento

A prática do empreendedorismo não é fácil, especialmente quando não há investimento. Além de praticarem eventos de financiamento, onde startups podem conseguir uma significativa injeção de capital por uma venture capital, a região abriga diversos milionários e bilionários que frequentemente investem em uma empresa emergente que acreditam ter potencial. A região como um todo funciona muito através do networking, portanto conhecer as pessoas certas auxilia a encontrar investidores anjos. Além disso, mesmo startups já consolidadas financiam outras, gerando um ciclo virtuoso de investimento.

Objetividade e informalidade

Caminhar pela região que abriga as sedes das maiores e mais valorizadas empresas do mundo não significa ver todos vestindo terno e gravata, muito pelo contrário. A opção geral por roupas casuais entra em contato com a diversidade e a objetividade necessária na região. Não é necessário utilizar uma roupa desconfortável para empreender ou inovar. Reuniões são objetivas e informais, muitas vezes caminhando ou até mesmo almoçando. E-mails são curtos e diretos, sem formalidade ou requinte.

Oportunidade antes do produto

A grande maioria das empresas que são abertas no Brasil são com uma motivação oposta àquelas do Vale do Silício. Enquanto o empreendedor define um produto e então tenta encontrar uma oportunidade para sua inserção no mercado, causando dificuldades na hora de comercializá-lo, na região do Vale acontece o oposto. Inicialmente é encontrado um problema, oportunidade ou déficit, para então pensar em como resolvê-lo, transformá-lo em um produto ou serviço. Essa inversão de lógica permite que assim que o produto esteja pronto, ele já esteja sendo consumido.

A cultura de inovação do Vale do Silício passa por diversos pontos, dentre eles os citados anteriormente. Anos de evolução e adaptação levaram a região a atrair as melhores e mais criativas mentes vivas para mudar o mundo. No entanto, não é impossível replicar algumas de suas melhores características em uma empresa, trazendo resultados positivos no médio e longo prazo. Algumas tentativas de replicar o ambiente do Vale estão em atividade espalhados pelo Brasil, com exemplos em São Paulo, Belo Horizonte e Santa Catarina. É necessário esperar para descobrir se estas tentativas serão tão bem-sucedidas quanto o centro da inovação mundial.

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